Páginas

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sem rotina

Vasculhando meus papéis encontrei um nome que me fez lembrar uma história que vivi em Cuba. Não lembro exatamente o dia que isso aconteceu, mas foi antes de eu sair de Havana para conhecer as províncias. Estava almoçando em um restaurante de Havana Vieja, o bairro dos Turistas, e conheci uma cubana chamada Maíra. Fiquei meio deslocada aquele dia.
Eu estava sentada esperando o meu pedido ficar pronto. Ela sentou num banco da praça que ficava bem próximo ao lugar que eu estava sentada. Minha comida chegou. Estava quente e saborosa. Ela também estava no horário de almoço. Tirou da bolsa uma marmita e comeu ali mesmo. Fria.
Fiquei incomodada com a situação. Não pelo fato de ela comer ao meu lado, mas sim pelo fato de comer tudo frio. Do jeito que dava.
Quem me conhece sabe que praticamente não converso com as pessoas que sentam ao meu lado (?!). Tá, basta um sorriso para surgir uma conversa sem compromisso. Uma maneira de distrair, enfim, sou assim.
Não foi diferente com Maíra. Ela me contou que trabalhava em um banco, mas que gostaria mesmo era de voltar a trabalhar numa das empresas multinacionais que existem em Cuba. Maíra é uma advogada de 35 anos e mãe de um garoto de sete anos. Ela é casada.
Naquela tarde Maíra saiu da sua rotina e não leu. Estava acompanhada de uma biografia de Nelson Mandela em inglês. Ela disse que ficou contente com a nossa rápida conversa e que voltaria ao trabalho.
Eu continuei o almoço. Paguei a conta e saí para mais uma caminhada pelas ruas de Havana Vieja.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Tarda, mas não falha

O que são quatro meses? Nada! Pelo menos quando se fala do serviço de correio de Cuba. Há exatos quatro meses coloquei no correio de Havana, na Praça das “Palomitas”, um cartão postal para o Sr. Zanini. Ainda bem que não era uma notícia importante, um pedido de ajuda financeira, etc.
O tal cartão postal só chegou hoje. Confesso que nem acreditava mais que chegaria. O dos meus pais já chegou faz tempo. Achei que era boicote.
Bom, criamos algumas teorias para justificar o atraso. Talvez isso se deva ao fato de eu ter dito que fiquei assustada com Havana quando cheguei lá. Que o povo me recebeu bem, mas que a cidade é velha. Zanini argumentou que o governo deve ter pensando que havia alguma mensagem oculta no meu texto e que eles pensaram que o “amore” era uma pessoa que iria tirar os “Castro” do poder. Mas o que importa é que finalmente meu amor recebeu o postal e agora terá uma outra lembrança de Cuba. Outra lembrança do meu carinho.

domingo, 21 de junho de 2009

Só lembranças

Amanhã pagarei a última prestação da viagem. Cuba será apenas uma boa lembrança a partir de agora. Imagens, relatos e percepções. Tudo está registrado na minha memória.
Por várias vezes me pego pensando na viagem. Parece que ela não aconteceu. Que tudo foi apenas um sonho e que nunca passei por Cuba. Que não caminhei sozinha pelas ruas de Havana, Camaguei, Trinidad. Que não tomei rum às 10h da manhã. Que não entrevistei Yoani Sánchez. Que não ouvi diversos cubanos interessantes. A mulher da praça, a diretora do museu, o vendedor de artesanato, o guia de viagem.
Enfim, Cuba agora é apenas uma lembrança dos 15 dias que passei na América Central.
Agora meu plano é entregar o trabalho e planejar a próxima viagem. Ao que tudo indica será o Chile. E desta vez irei acompanhada.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Tá respondido!

Finalmente consegui parar para publicar isso. Nem é mais novidade, mas vale o registro.
No último dia 8 o governo Cubano anunciou formalmente seu desejo de não voltar a fazer parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).
De acordo com a imprensa internacional, o comunicado foi publicado no jornal “Granma”. Confesso que não consegui achar nada a respeito na versão digital. O máximo que encontrei foram artigos que justificam porque Cuba não quer voltar a fazer parte da OEA. Quem tiver interesse pode ler “La vergonzosa historia de la OEA”. O material está dividido em três partes. Primeira, segunda e terceira.
Ainda segundo jornais internacionais, Cuba agradeceu os esforços dos países latino-americanos e caribenhos, mas justificou que a OEA apóia a hostilidade dos Estados Unidos contra a ilha. Segundo o governo cubano, ficar fora da organização significa independência.
Confesso que não sei se este é o caminho. Durante o tempo que fiquei em Havana pude observar que o Turismo não terá condições de bancar todos os avanços necessários na ilha. Cuba progride diariamente, mas muita coisa está ficando ultrapassada. Mais cedo ou mais tarde isso terá o seu preço e não creio que sozinha a ilha terá condições de bancar a conta.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

E agora, Fidel?

Agora é com Cuba.

A Assembleia Geral:

Reconhecendo o interesse partilhado na plena participação de todos os Estados-membros;


Guiada pelos propósitos e princípios estabelecidos da Organização dos Estados Americanos contidos na Carta da organização e em seus demais instrumentos fundamentais relacionados à segurança, à democracia, à autodeterminação, à não-intervenção, aos direitos humanos e ao desenvolvimento;

Considerando a abertura que caracterizou o diálogo dos chefes de Estado e de Governo na 5ª Cúpula das Américas, em Port of Spain, e que, com esse mesmo espírito, os Estados-membros desejam estabelecer um marco amplo e revitalizado de cooperação nas relações hemisféricas; e


Tendo presente que, em conformidade com o artigo 54 da Carta da Organização dos Estados Americanos, a Assembleia Geral é o órgão supremo da Organização,

Resolve:
1. Que a resolução VI adotada em 31 de janeiro de 1962 na 8ª reunião de consulta de ministros das Relações Exteriores, mediante a qual se excluiu o Governo de Cuba de sua participação no Sistema Interamericano, fica sem efeito na Organização dos Estados Americanos.

2. Que a participação de Cuba na OEA será o resultado de um processo de diálogo iniciado por solicitação do Governo de Cuba e em conformidade com as práticas, os propósitos e princípios da OEA."

Cuba na OEA

As manchetes de hoje das sessões internacionais dos jornais brasileiros estão velhas. Na internet a notícia é outra: Países da OEA decidem revogar suspensão a Cuba. Na noite de ontem a notícia era que um grupo seria formado para avaliar essa situação.
O Estadão veio com a seguinte manchete: “Sem consenso sobre Cuba, Hillary deixa reunião da OEA e vai ao Egito”. A Folha dizia “Negociação sobre Cuba se arrasta na OEA”. Amanhã a notícia será que Cuba estará de volta a Organização dos Estados Americanos.
Cuba está suspensa da OEA desde 1962. A decisão pela volta foi um consenso entre os chanceleres que participaram da 39ª assembléia do órgão. Aguardem repercussões.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Mais sobre Yoani

Dias atrás vi que o jornalista Sandro Vaia lançou o livro A Ilha Roubada – Yoani, a blogueira que abalou Cuba. Tomei conhecimento do livro por conta de uma matéria que assisti no Bom Dia São Paulo. Não sabia nada sobre o livro até então.
Confesso que fiquei com uma pontinha de inveja. Parte do que tinha na matéria foi o que ouvi de Yoani Sánchez em Cuba. Lá conversamos por pouco mais de uma hora e ela revelou toda a dificuldade que enfrenta para manter atualizado o Generación Y. Mas meu propósito em Cuba era outro. Não fui para Havana com o objetivo de escrever um livro, mas sim levantar informações para o meu trabalho de conclusão de curso da Pós.
Ainda não li o livro e não posso dar palpites. Outras informações sobre ele estão no site do Observatório da Imprensa.

Cuba na OEA?

Hoje é um dia muito importante. Pode-se decidir o futuro de Cuba na OEA. Cuba volta a fazer parte da Organização dos Estados Americanos ou permanece afastada? Não vi uma resposta sobre isso ainda. Particularmente não acredito que o governo Cubano vá aceitar todas as exigências feitas pelos americanos para que o país volte a figurar na lista da OEA.
Alguns países apóiam a volta de Cuba sem que Havana ceda qualquer milímetro no regime cubano. Outros querem mudanças. Este é o caso do Brasil. Ao que tudo indica país quer a volta de Cuba, mas não quer ficar “mal na foto” com Obama e pede mudanças.
Vou aguardar os jornais de amanhã...